sexta-feira, 24 de maio de 2013

" Mas há uma filosofia alegre, que me faz levitar. Quer levitar? Filosofe. Para fazer levitar a filosofia não pode nascer da cabeça. Ela tem de nascer das entranhas. Tem de ser escrita com o sangue. A gente lê e o corpo estremece: ri, espanta-se, tranquiliza-se, assombra-se. Muita filosofia, que no seu
nascimento era coisa viva, sangrante, suco do pensador, nos cursos de filosofia se torna "disciplina", grão duro, sem gosto, a ser moído. O aluno é obrigado a estudar para passar nos exames. Filosofia terapêutica há de ser feita com prazer. Kolakowski, filósofo polonês, compara o filósofo a um bufão, bobo da corte, cujo ofício é fazer rir. O filosofar amansa as palavras: aquela cachorrada feroz que latia, ameaçava e não deixava dormir se transforma em cachorrada amiga de caudas abanantes. O filosofar ensina a surfar: de repente, a gente se vê deslizando sobre as ondas terríveis das dores-de-ideia. Também serve para pôr luz no escuro. Quando a luz se acende o medo se vai. Muita dor-de- ideia se deve à falta de luz. Os demônios fogem da luz. " Rubem Alves- O Amor que Acende A  Lua

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