sábado, 25 de maio de 2013

"Sofrimento como vitória   Uma vez que se nos revelara o sentido do sofrimento, também nos negávamos então a ficar desfazendo ou minimizando o volume de sofrimento que havia no campo de concentração, seja "reprimindo-o" ou iludindo-nos a respeito do mesmo com otimismo barato ou artificial. Para nós também o sofrimento passara a ser uma incumbência cujo sentido não mais queríamos excluir. Para nós ele tinha revelado o seu caráter de conquista, aquele caráter de conquista que levou Rilke a exclamar: "Wieviel ist aufzuleiden!" (Quanto sofrimento há por resgatar!) Rilke falava de resgatar o sofrimento como outros diriam cumprir uma tarefa.   Havia muito sofrimento esperando ser resgatado por nós. Por isso, era também necessário olhar de frente a situação, a avalanche de sofrimento, apesar do perigo de alguém "amolecer" e quem sabe, em segredo deixar as lágrimas correr livremente. Não precisaria envergonhar-se dessas lágrimas. Eram o penhor de ele ter a maior das coragens - a coragem de sofrer. Mas pouquíssimos sabiam disso, e só envergonhados admitiam ter-se extravasado em lágrimas de novo. Certa vez perguntei a um companheiro como fizera desaparecer os seus edemas de fome, ao que ele confessou: "Curei-os chorando..." Viktor E. Frankl - Um Psicólogo no Campo de Concentração

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