sexta-feira, 31 de maio de 2013

"Abdullah pensou: Ela é a sua mulher. Minha mãe, nós enterramos. Mas soube reprimir as palavras antes que fossem proferidas. — Então, tudo bem. Pode vir — concordou o pai. — Mas sem choradeira. Está me entendendo? — Sim. — Estou avisando. Não vou tolerar choradeira. Pari abriu um sorriso para Abdullah, que baixou os olhos para aqueles olhos róseos e pálidos, as bochechas redondas, e retribuiu o sorriso. Depois disso, Abdullah caminhou ao lado da carroça, que sacolejava no terreno rugoso do deserto, segurando a mão de Pari. Trocavam olhares felizes e furtivos, irmão e irmã, mas falavam pouco, com medo des azedar o humor do pai e estragar a boa sorte que tiveram. Durante longos trechos eles andaram sozinhos, só os três, com nada e ninguém à vista além de desfiladeiros avermelhados e grandes penhascos de arenito. O deserto se descortinava à frente, amplo e aberto, como se tivesse sido criado para eles e só para eles, o ar imóvel, morno e ardente, o céu alto e azul. Pedras cintilavam nas rachaduras do solo arenoso. Os únicos sons que Abdullah ouvia eram sua própria respiração e o rangido rítmico das rodas enquanto o pai puxava a carrocinha vermelha em direção ao norte." Khaled  Hosseini- O Silêncio das Montanhas

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