sábado, 25 de maio de 2013

  "Um dos prisioneiros contou-me que, ao marchar numa longa coluna de reclusos recém-chegados, indo da estação ferroviária para o campo de concentração, teve o sentimento de estar andando "atrás de seu próprio cadáver". Tal a intensidade com que ele experimentou naquela ocasião a sua absoluta falta de futuro, a qual o obrigou a encarar toda a sua vida exclusivamente sob a perspectiva do passado, como algo passado, como de um morto. Essa experiência de ser "cadáver vivo" ainda é aprofundada por outros momentos. Enquanto que na dimensão temporal se faz sentir o caráter ilimitado da detenção, faz-se sentir na dimensão espacial a limitação, o encarceramento. Aquilo que se encontra do lado de fora do arame farpado muito cedo parece inacessível e finalmente irreal, de certo modo. Os acontecimentos lá fora, assim como as pessoas e toda a vida normal fora do campo assumem um aspecto de certa forma fantasmagórico para aquele que está dentro do campo de concentração. "
Viktor E. Frankl- Um Psicólogo no Campo de Concentração

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