sábado, 25 de maio de 2013

 "Quem conhece as estreitas relações existentes entre o estado emocional de uma pessoa e as condições de imunidade do organismo, compreenderá os efeitos fatais que poder ter a súbita entrega ao desespero e ao desânimo. Em última análise, meu companheiro foi vitimado porque sua profunda decepção pelo não-cumprimento da libertação pontualmente esperada reduziu drasticamente a capacidade de seu organismo contra a infecção de tifo exantemático já latente. Paralisaram-se sua fé no futuro e sua vontade de futuro, acabando seu organismo por sucumbir à doença. Assim a voz do seu sonho acabou prevalecendo...   Este caso isolado e as conclusões dele tiradas coadunam-se com outra observação para a qual o médico-chefe do nosso campo chamou a minha atenção certa vez. Na
semana entre o Natal de 1944 e o Ano Novo de 1945 irrompeu uma mortandade jamais vista anteriormente no nosso campo de concentração. Também o médico- chefe foi de opinião de que as causas da mesma não estavam num agravamento das condições de trabalho ou de alimentação ou numa eventual alteração climática ou mesmo novas epidemias. Antes, a causa dessa mortandade em massa devia ser procurada exclusivamente no fato de a maioria dos prisioneiros ter se entregue à habitual e ingênua esperança de estar de volta em casa já para o Natal. Como, porém, as notícias dos jornais fossem tudo menos animadoras, ao se aproximar aquela data, os reclusos foram tomados de desânimo e decepção gerais, cuja perigosa influência sobre a capacidade de resistência dos prisioneiros se manifestou justamente também naquela mortandade em massa daquele período. "
Viktor E Frankl - Um Psicólogo no Campo de Concentração

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