quinta-feira, 30 de maio de 2013

"A visão que Dante tinha do Inferno representada em cores vivas, pensou Langdon. Louvado como uma das maiores obras da literatura mundial, o Inferno era o primeiro dos três livros que compunham A Divina Comédia, de Dante Alighieri – um poema épico de 14.233 versos que descreve sua brutal descida ao mundo inferior, a jornada pelo Purgatório e, por fim, a chegada ao Paraíso. Das três partes da Comédia – Inferno, Purgatório e Paraíso –, o Inferno é de longe a mais lida e a mais memorável. Composto por Dante Alighieri no início do século XIV, o Inferno redefiniu a percepção medieval da danação. Antes dele, a ideia do mundo inferior nunca havia fascinado as massas de forma tão arrebatadora. Da noite para o dia, a obra de Dante cristalizou esse conceito abstrato em uma visão nítida e aterrorizante – visceral, palpável, inesquecível. Como era de esperar, após a publicação do poema, houve um enorme aumento no número de fiéis da Igreja Católica, graças aos pecadores aterrorizados que buscavam evitar a versão atualizada do Inferno imaginada por Dante. Retratada ali por Botticelli, essa horrenda visão dantesca tinha a forma de um funil de sofrimento subterrâneo: um desgraçado submundo composto de fogo, enxofre, esgoto e monstros, com Satanás em pessoa à espera lá no centro. O fosso tinha nove níveis distintos, os nove círculos do Inferno, nos quais os condenados eram lançados de acordo com a gravidade dos seus pecados. Perto do topo, os luxuriosos, ou “malfeitores carnais”, eram fustigados por um vendaval eterno, símbolo de sua incapacidade de controlar o próprio desejo. Abaixo deles, os glutões eram obrigados a ficar deitados de bruços em um lodaçal pútrido de imundície, com a boca cheia do produto de seus excessos. Ainda mais fundo, os hereges eram confinados em caixões flamejantes, condenados ao fogo eterno. E assim por diante... cada vez pior conforme se descia. Nos sete séculos que se seguiram à sua publicação, a duradoura visão dantesca do Inferno inspirou tributos, traduções e variações por parte de algumas das mentes mais criativas da história. Longfellow, Chaucer, Marx, Milton, Balzac, Borges e até vários papas escreveram obras baseadas no Inferno. Monteverdi, Liszt, Wagner, Tchaikovski e Puccini criaram peças musicais baseadas na obra de Dante, assim como uma das compositoras contemporâneas prediletas de Langdon: Loreena McKennitt. Até mesmo o mundo moderno dos videogames e aplicativos para tablets oferece diversos produtos relacionados ao autor da Divina Comédia. "
Dan Brown- Inferno

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