sexta-feira, 31 de maio de 2013

"— Não, eu entendi — diz ela. — Você quer dizer que as histórias deles são um presente que dão a você. — Um presente. Sim. Tomam um pouco de vinho. Conversam por algum tempo; para Idris é o primeiro diálogo que entabula desde que chegou a Cabul, sem zombarias sutis, sem a vaga reprovação que sentiu nos habitantes, em funcionários do governo, nas agências humanitárias. Pergunta sobre o que ela faz, e Amra responde que já trabalhou em Kosovo com a ONU, em Ruanda depois do genocídio, na Colômbia e também no Burundi. Trabalhou com prostitutas infantis no Camboja. Está em Cabul há um ano, pela terceira vez, agora com uma pequena ONG, prestando serviços no hospital Wazir Akbar Khan e dirigindo uma clínica móvel aos domingos. Casada duas vezes, divorciada duas vezes, sem filhos. Idris acha difícil adivinhar a idade de Amra, mas deve ser mais nova do que parece. Existe um brilho de beleza fugidia, uma forte sensualidade, atrás dos dentes amarelados, das bolsas de fadiga abaixo dos olhos. Em quatro anos, talvez cinco, pondera Idris, aquilo também terá desaparecido. " Khaled Hosseini- O Silêncio das Montanhas

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