sexta-feira, 31 de maio de 2013

"O sol estava caindo no horizonte. Abdullah ainda conseguia distinguir o velho moinho cinzento e esquálido assomando atrás das paredes de barro. As pás faziam um rangido estridente sempre que uma lufada penetrante soprava das colinas. No verão, o moinho era basicamente ocupado pelas garças azuis, mas, agora que o inverno havia chegado, as garças partiram, e os corvos tomaram o seu lugar. Toda manhã, Abdullah acordava com seus pios e grasnados ásperos. Alguma coisa chamou sua atenção, à direita, no chão. Andou até lá e se ajoelhou. Uma pena. Pequena. Amarela. Tirou uma das luvas e a pegou. Naquela noite, eles iam a uma festa, ele, o pai e seu pequeno meio​-irmão Iqbal. Baitullah tivera mais um filho. Um motreb ia cantar para os homens, e alguém tocaria um pandeiro. Seria servido chá, pão quente recém​-assado e sopa de shorwa com batata. Depois, o mulá Shekib molharia os dedos numa cuia de água adocicada e deixaria o bebê chupar. Pegaria sua pedra negra brilhante e a navalha de dois gumes, ergueria o pano que cobria o diafragma do garoto. Um ritual comum. A vida continuava em Shadbagh. " Khaleb Hosseini- O Silêncio das Montanhas

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