sábado, 25 de maio de 2013

". Há também causas de natureza fisiológica. É o que vale também para a irritabilidade, a qual, além da apatia, representa uma das mais eminentes características da psique do prisioneiro. Entre as causas fisiológicas estão em primeiro lugar a fome e a falta de sono. Como qualquer um sabe, mesmo na vida normal ambos os fatores tornam a pessoa apática e irritadiça. No campo de concentração, o sono insuficiente se deve em parte aos insetos parasitas a proliferar livremente na mais inconcebível falta de higiene, e à inimaginável concentração de pessoas nos barracões.   Existe ainda outro fator a contribuir para a apatia e a irritabilidade, que é a ausência daqueles tóxicos da civilização que normalmente servem para atenuá-las, isto é, a nicotina e a cafeína. Aumenta, assim, a propensão para a apatia e a irritabilidade. Além das causas fisiológicas existem ainda origens anímicas deste peculiar estado de espírito dos prisioneiros. Trata-se de certos "complexos". É compreensível que a maioria dos prisioneiros seja atormentada por uma espécie de sentimento de inferioridade. Antes, cada um de nós havia sido "alguém", ou ao menos julgava sê-
lo. Agora, no entanto, é tratado literalmente como se fosse um ninguém. (Não há dúvida de que o amor-próprio, quando ancorado em áreas mais profundas, espirituais, não pode ser abalado pela situação do campo de concentração; mas quantas pessoas, quantos prisioneiros possuirão um sentimento de autoestima tão bem firmado?) Mesmo sem refletir muito sobre isso, sem que se conscientize disso, é natural que o prisioneiro mediano se sinta totalmente rebaixado. Esta experiência "-Viktor E Frankl - Um Psicólogo  no Campo de Concentração

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