sexta-feira, 31 de maio de 2013

"Abdullah gostaria de poder amá​-la como tinha amado a mãe. A mãe que havia sangrado até morrer ao dar à luz Pari, três anos e meio atrás, quando Abdullah tinha sete anos. A mãe cujo rosto ele quase já havia esquecido, a mãe que segurava sua cabeça com as mãos, apertava​-o no peito e acariciava seu rosto todas as noites antes de dormir, cantando uma canção de ninar. Encontrei uma fadinha triste Na sombra de uma árvore de papel. Conheço uma fadinha triste Que foi soprada pelo vento da noite. Abdullah gostaria de amar sua nova mãeut da mesma maneira. E talvez, conjeturava, Parwana desejasse o mesmo em segredo, conseguir amar o enteado. Da forma como amava Iqbal, seu filho de um ano, cujo rosto ela sempre beijava, preocupando​-se com cada tosse ou espirro. Ou do modo como amava seu primeiro filho, Omar. Ela o adorava. Mas Omar havia morrido de frio no antepenúltimo inverno. Duas semanas depois de ter nascido. Parwana e o pai mal tinham acabado de dar um nome a ele. Foi um dos três bebês que aquele inverno brutal arrebatou de Shadbagh. Abdullah se lembrava de Parwana abraçada ao pequeno cadáver de Omar, enfaixado, de suas convulsões de pesar. Lembrava​-se do dia em que o enterraram na colina, um montinho no solo congelado, abaixo de um céu cor de cobre, o mulá Shekib dizendo suas preces, o vento soprando partículas de neve e gelo nos olhos de todos. " Khaled Hosseini- O Silêncio das Montanhas

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