sexta-feira, 24 de maio de 2013

" O que lhe importava não era o brilho narcísico mas a consciência de ser verdadeiro com o princípio de "reverência pela vida", o seu mais alto princípio religioso.  Esse princípio, Schweitzer viveu intensamente. Não é difícil ter reverência pelas coisas fracas: a relva, os insetos, os animais. Fracos, eles não têm o poder de nos resistir. Difícil é ter reverência pelos homens fortes, que se encontram ao nosso lado. Jesus ordenou "amar o próximo". Porque é fácil amar o distante. O próximo é aquele que está no meu caminho, que tem o poder de me dizer não. Mais difícil que amar os doentes, que são
carência pura, fraqueza pura, dependência pura, mendicância pura, é amar aqueles que estão ao meu lado e que são tão fortes quanto eu. Reverência pelos que estão ao meu lado. Se Schweitzer se relacionou com os pobres negros doentes por meio da compaixão, ele se relacionou com seus próximos, iguais, companheiros de hospital, por meio de amizade. E ele formula, na sua Ética, o princípio de que "um homem nunca pode ser sacrificado para um fim".  Schweitzer não era um ser deste mundo. Talvez ele tenha compreendido isso e essa tenha sido uma das razões por que ele saiu do mundo civilizado, embrenhando-se nas selvas da África. No mundo civilizado, das organizações, será possível ter reverência pelo próximo? " Rubem Alves- O Amor que Acende a Lua

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