sábado, 25 de maio de 2013
"Política e religião A falta de sentimentos do prisioneiro de muitos anos no campo de concentração é precisamente um dos reflexos da desvalorização de tudo aquilo que não serve ao interesse mais primitivo da preservação da vida. Tudo o mais, necessariamente, parece um evidente luxo aos olhos do prisioneiro. Isto dá origem a um retraimento ante todas as questões intelectuais e culturais, de todos os interesses mais elevados. De um modo geral prevalece uma espécie de hibernação cultural. À parte deste fenômeno mais ou menos geral, existem apenas duas áreas de interesse. Em primeiro lugar a política (o que não é de surpreender) e, em segundo, a religião (o que não deixa de ser notável). No campo de concentração todos discutem política quase sem parar, mesmo que se trate apenas de ouvir sequiosamente os boatos infiltrados e passá-los adiante - sobre a situação militar do momento, etc. Como, porém, a maioria deles se contradizem, havendo uma rápida sucessão de boatos incoerentes entre si, eles representam mais uma contribuição para a desgastante "guerra de nervos" que se processa nas almas dos prisioneiros." Victor E. Frankl - Um Psicólogo no Campo de Concentração
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