sexta-feira, 24 de maio de 2013

As crianças nos fazem ver "a eterna novidade do mundo"  (Fernando Pessoa). 
"Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande". A Adélia Prado está doente. Doente de ser grande. Ser grande é estar doente. E doença precisa ser tratada. Se não for tratada vira loucura. Para se curar adultite é preciso tomar chá de infância, virar criança de novo.  Para isso bom é ler a poesia do Manoel de Barros.  Manoel de Barros é uma criança. Quem lê o que ele escreve vira criança. Ele brinca com as palavras.  O que eu queria era fazer brinquedos com as palavras.  Fazer coisas desúteis.  Eu queria avançar para o começo.  Chegar ao acriançamento das palavras.  Em busca do lugar de onde se partiu.  
A poesia do Manoel de Barros anda para trás, para longe da loucura do mundo adulto. Para isso ele não mede palavras:  Preciso de atrapalhar as significâncias. O despropósito é mais saudável que o solene. Para limpar as palavras de alguma solenidade - uso bosta. Nasci
para administrar o à-toa, o em vão, o inútil. Prefiro as máquinas que servem para não funcionar: quando cheias de areia, de formiga é musgo - elas podem um dia milagrar de flores. Também as latrinas desprezadas que servem para ter grilos dentro - elas podem um dia milagrar violetas. Senhor, eu tenho orgulho do imprestável.  Um homem como esse é um perigo em qualquer reunião de adultos sérios e responsáveis.  " Rubem Alves- O Amor que Acende A Lua

Nenhum comentário:

Postar um comentário